5.9.08

Aproveito os potes, as cores.
Na chaleira uma água fervendo para arrancar os rótulos, jogo na velha garrafa de vinho. Aquelas que escondi embaixo da pia, vazias.
O gás ainda não acabou.
Tantos dias juntando papéis, caixas, miúdesas minhas.
Um medo de perder a lembrança. Um jeito de reviver a memória.
Depois o desapego a la Carlota Joaquina:
- Pode levar.
- Pode ficar.
- Joga no lixo.
De algumas levei o pó. Fraquejei, disfarcei de mim.
Joguei fora as flores roxas. Havia novas, amarelas. Ainda tão bonitas na lixeira lilás.
Peguei um ramo, limpei as folhas velhas. Ainda tão bonitas.
Embaixo da pia as garrafas verdes em maioria. Escolho a menor.
Não é a melhor marca, mas o foi o tempero do primeiro frango ao vinho. A rolha está guardada no pote transparente.
As amarelas já em cima da mesa.
E como minha mãe fazia, espalho cores pela casa.
Meio desapego.
O que sobrou das roxas, tão bonitas na lixeira lilás.

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